Seguindo tendência mundial, extrema-direita se fortalece na Espanha

Raphael Tsavkko Garcia
3 min readDec 2, 2018

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E a Espanha não escapa da tendência mundial de crescimento da extrema-direita. Na verdade adotou um modelo próprio bastante estranho.

PP e Ciudadanos só são partidos de centro-direita na cabeça de quem não tem a menor noção do que acontece na Espanha, são, na real, partidos que flertam com o franquismo e fascismo em diferentes graus e com diferentes tentativas de disfarçar. Mas a Catalunha e o País Basco os conhecem muito bem.

O PSOE posa como partido de centro-esquerda, mas oscila para a centro direita sempre que acha conveniente, e tem o histórico de estar por trás de um grupo de extermínio e terrorista de extrema-direita (os GAL), que assassinava políticos e cidadãos bascos. Na hora de reprimir o povo catalão ou de vender armas pros Sauditas não há diferenças entre PP e PSOE (com o Ciudadanos incitando ainda mais violência e perseguição achando que está pouco)

O Podemos (Adelante Andalucía, em coalizão com a Esquerda Unida e outras formações menores) é…. bem, é aquilo ali. Discurso muito bonito, mas na prática não foram capazes de mostrar pra que vieram.

E agora temos o Vox, que consegue estar à direita do Ciudadanos e do PP. BEM mais à direita. E que chegaram com força ao parlamento Andaluz, podendo definir o próximo governo regional, já que o PSOE, que governa hoje, não poderá formar maioria com o Podemos.

Ou o PSOE e o PP se juntam, o que não seria nada fora do normal, já que o PSOE se move pra onde a conveniência mandar, ou existe a possibilidade real dos extremistas do Vox formarem aliança com o PP e C’s que, creio, não recusariam a chance de chegar ao poder nem se aliados ao Franco em pessoa (na verdade seria uma alegria pra eles).

Comento que a Espanha adotou um modelo próprio porque não é a chegada do Vox que anuncia a extrema-direita forte na Espanha, o Ciudadanos é um partido coalhado de franquistas, defende abertamente a repressão na Catalunha, tem horror às autonomias regionais e minorias.

A melhor comparação seria com o Novo, posa de liberal, mas não passam de conservadores que na hora que importa votam em Bolsonaro, ambos são partidos de direita-chic, liberal-conservadores que não agregam absolutamente nada.

E o PP, bem, nunca deixou de ser franquista. Agora a Espanha ganhou uma terceira opção extremista e intolerante diante de uma oposição que é simplesmente risível, um partido de centro-esquerda que não sabe o que é e um que se diz de esquerda, mas não sabe o que fazer com isso.

Não surpreende a queda de 4% de participação e o crescimento de um ponto percentual nos votos nulos (2,20%).

Tempos sombrios…

PS: Não se surpreendam se algum líder “progressista” aparecer para dizer que a culpa do crescimento da extrema-direita (como se fosse algo de hoje) é dos independentistas catalães.

PS2: Vou deixar apenas esse dado aqui:

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Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

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