PT, prazer. Mas pode chamar de Regina Duarte
Nem nas cordas, desacreditados, envolvidos em inúmeros escândalos de corrupção, com o líder preso e o país ameaçando eleger um fascista só pra derrotar o PT a turma necrogov entende o recado e tentam, eles mesmos, seguir com o discurso do medo…
Em 2014 Aécio iria levar o país ao caos, mas fizeram campanha suja contra a Marina para tê-lo no segundo turno e apostar no medo do “mal maior”. Para, no fim, Dilma adotar seu programa de governo no maior estelionato eleitoral já visto.
Durante os governos Lula e Dilma os gritos de GOLPE eram incessantes. Toda e qualquer crítica ao PT era recebida com avisos de que “a direita” (aquela ínfima que não estava aliada ao PT, porque o grosso recebia as benesses do partido, como os fundamentalistas evangélicos e ruralistas genocidas de indígenas) iria dar um GOLPE, então não era hora de criticar.
Nunca era hora — e segue não sendo.
Agora renovam o discurso do medo… Mas não cola mais.
Como disse o Silvio Pedrosa:
Os petistas perderam no próprio jogo. Ridicularizavam a Regina Duarte (com razão), mas se tornaram ela. O PT, hoje, é a Regina Duarte de ontem, só tem medo, só oferece medo como programa.
É verdade, no entanto, que devemos ter medo. Mas esse é um sentimento extremamente manipulável, volátil. Temos um fascista como líder nas pesquisas, mas em segundo lugar temos um partido que usou e abusou desse sentimento volátil e que agora encontra dificuldades para fazer colar novamente o discurso gasto.
É como o termo “fascismo”, tão usado para atacar todo e qualquer adversário (em muitos casos ex-aliados), que perdeu sua força, seu sentido e quando precisamos realmente retomar seu significado para qualificar Bolsonaro… Não tem mais o mesmo efeito.
O Bruno Cava foi certeiro:
Os instintos da maioria da população não são os mesmos que os das bolhas de esquerda. Primeiro, pela diferença socioeconômica. Segundo, pelo autodistaciamento da esquerda em relação ao resto, em especial com o discurso do golpe. Por isso que o alerta “volta da ditadura” não funciona. Fala-se em volta da ditadura para defender indiretamente a ordem existente. Ora, quem detesta o status quo, quem está já na insegurança e na indignação, pode até se perguntar: e a ditadura era pior como? O PT foi irresponsável em começar essa clivagem democracia/ditadura com o discurso do golpe e agora com essa eleição. O fato é que a ditadura não vai voltar, porque ela é parte da ordem existente: as práticas de tortura, gestão violenta dos pobres, encarceramento em massa, desenvolvimentismo, desrespeito às minorias. A diferença é de grau. É assim pelo menos que a maioria vive a coisa, não podendo se dar ao luxo de idealizar os conceitos.