Privilégio: Não é apenas um conceito vazio, é pura burrice
Até quando galera chamando de “privilégio” aquilo que é/deveria ser simplesmente normal?
Privilégio é algo além da norma, algo além do necessário. Quando você transforma em privilégio (e com conotação negativa) algo que é/deveria ser normal você simplesmente se perde, para de combater o que está errado pra combater o que está certo.
E esse é o ponto. Ao invés de combater o que está errado, lutar contra o preconceito (por exemplo), você passa a atacar o que é/deveria ser normal. Você ataca o que se deveria alcançar, nivelando por baixo e criando uma série de inimigos no processo.
O problema do preconceito (qualquer um) deixa de ser o preconceito em si, suas causas e resultados e o foco passa a ser atacar quem simplesmente não tem nada a ver com isso, mas comete o crime de… não ser vítima do preconceito.
Não ser vítima (em tese, porque em geral o que importa pra turma do “privilégio” é apenas a superfície, a aparência, a imagem) é, em si, um problema. É, em si, o preconceito.
Ou seja, quem consegue sair de uma situação inferior (ou quem nunca esteve) passa a ser o inimigo — e não o perpetrador do preconceito ou quem força/contribui efetivamente com a perpetuação de uma situação negativa.
Peguemos um exemplo prático: No Canadá um clube de comédia retirou o convite para um comediante branco porque ele cometeu o crime (apropriação cultural) de ter dreads no cabelo e, pior ainda, ele cometeu o crime do “privilégio” de poder usar tais dreads.
Ou seja, o fato dele poder usar dreads sem ser, por exemplo, incomodado pela polícia tornou-se um problema. Ao invés do problema ser que pessoas negras não possam usar tal adereço, o problema passou a ser o branco que pode. A ideia é “se eu não posso, você não pode” e não “se você pode vamos lutar juntos pra que eu e outros possam”.
Nem vou perder meu tempo com o papo de “apropriação cultural” porque é algo simplesmente inexistente nesse contexto não passando de wish wash pós-moderno — e eu já tratei do tema em outro texto:
No Brasil a história não é muito diferente, pessoas são acusadas de “privilégio” pelo mero fato de poderem agir naturalmente e seguir com suas vidas. Estão erradas, vejam que absurdo é poder andar na rua sem ser incomodado!
A conotação de “privilégio” usado hoje é a de comparação — se ele tem e eu não tenho está errado — e não como algo fora da curva. Cria-se um ambiente de intolerância de todos os lados. Privilégio não é ter um carro de luxo, é ter um carro 98. Privilégio não é ter uma mansão, é ter casa. Privilégio não é andar com segurança na rua, é meramente não ser espancado/assaltado, privilégio não é ser preconceituoso e ter papai pra te livrar da cana, é não sofrer preconceito (aparente), enfim…
Enfim, essa onda de reclamar de “privilégio” que tomou de assalto uma série de movimentos sociais, ativistas e pessoas comuns é um imenso problema. Na verdade é um troço extremamente burro. Contraproducente e nocivo.