O ódio contra a mídia é ambidestro e promove fake news
Onde? Comecemos com quem criou e começou a espalhar o termo “PIG”, depois com os gritos por “controle da mídia” passando por atos em frente a jornais e redes de TV, financiamento de centrais de fake news (Brasil 171, etc), até chegar no MBL e a coisa desandar de vez.
Tem também aqueles gritos de “o NY Times condenou o GOLPE” pra Op-Ed… Tem “isso a Globo não mostra” mesmo quando tá passando na Globo naquele momento ou a mídia (sic) ideologizada chupou da grande mídia algo que a acusa de esconder.
Tem o paywall em grandes sites… Sim, comentei sobre o paywall em debate recente na Al Jazeera. Em linhas gerais, as pessoas que potencialmente buscariam informação para confirmar o que recebem por whatsapp acabam impedidas pelo paywall dos grandes jornais e portais, logo, acabam confiando na informação que tem à mão, de graça.
Existem muitas razões pra criticar a cobertura da mídia. Sim, ela erra e sim, muitas vezes tem lado e não admite. No entanto ela AINDA é a fonte mais confiável que temos para nós informar, mesmo que filtrando posições ideológicas mais ou menos explícitas.
Existe uma diferença imensa (mesmo que não pareça) entre tecer necessárias críticas e partir pro discurso desqualificador total q dá força a fake news de WhatsApp e de sites ultra-ideológicos alinhados a partidos (Oi PT), movimentos suspeitos (Oi MBL) e candidatos perigosos (Oi Bolsonaro).
Se a mídia cobre um protesto o outro lado reclama que cobriu demais e tomou posição. Se a mídia então cobre protestos dos dois lados mantendo distância, reclamam que manteve distância e não se posicionou “contra o fascismo”. Não tem como agradar. É cansativo.
O ódio contra a mídia é ambidestro.
E isso é péssimo pro país, porque ajuda a fortalecer a onda de fake news e a descrença dos meios de informação. Onde as pessoas vão se informar? WhatsApp, MBL, Brasil 171…
Vejam a esquerda: num dia a Veja é saudada pela capa sobre os crimes do Bolsonaro, no outro dia reclama que a Folha aponta que o Haddad está cercado de criminosos denunciados na Lava Jato. Só notícia favorável é aceitável e verdadeira — se eu não gostar é fake news ou GOLPE. E o mesmo vale para o outro lado. Se as imagens dos protestos que eu defendo não são as que eu quero e que comprovam minhas crenças, manipulo no paint e vendo como se fosse real.
No fim isso promove extremos e destrói a democracia.