O esgotamento da narrativa petista ou o PT se tornará um novo PMDB?

Raphael Tsavkko Garcia
4 min readApr 11, 2018

--

via https://goo.gl/9VqdPf

Na escala política petista/necrogov existe a esquerda representada por eles, a mais ou menos esquerda que são os aliados quando interessam e a direita que é fascista. Como não dá pra chamar liberal de fascista impunemente (ao menos não todos) e nem a turma da esquerda crítica que não se alinha com eles, inventaram o isentão como categoria política catch-all alternativa.

Agora a moda entre parlamentares necrogovs é colocar “Lula” como sobrenome. Seria engraçado não fosse o fato de ser uma cópia tosca do “Guarani Kaiowá”… Aqueles indígenas que o PT ajudava no extermínio.

Tudo que essa turma faz é mera repetição enquanto farsa. Não são mais capazes de aglutinar e colocar gente nas ruas, os protestos pelo Lula foram pífios, mesmo a mobilização em votla do sindicado em SBC pareceu minguada diante da capacidade de mobilização de outrora do partido. Anos e anos de neutralização e cooptação de movimentos explicam muito da situação. Os gritos de VAI PM, o uso da PM, exército e Força Nacional, a lei antiterrorismo (etc, etc, etc) completam a análise. Tudo isso junto com gritos contra a mídia e ações diretas contra a liberdade de imprensa.

Hoje o necrogovernismo vive de factóides, de dizer-se escandalizado, ofendido, agredido (não muito diferente do outro lado, obviamente). O partido hoje precisa de narrativas que não se sustentam para seguir adiante, precisa de patrulhamento, tem uma necessidade patológica em policiar discursos e forçar uniformidade. Exemplo?

Quer dizer que você é obrigado a louvar Lula ou odiar Lula, não pode simplesmente ter uma opinião diferente desses extremos senão é igual à Marina em sua confusão sobre Estado? E depois os outros não tem “rigor científico”….

Expectativa: “Se o Lula for preso, PEGAREMOS EM ARMAS!” versus Realidade…

No fim a turma petista simplesmente não aceita que alguém possa não ~se solidarizar~ com o Lula, mas não esteja babando ao lado dos Bolsonaretes. Realmente, a realidade é complexa demais pra que membros de um culto consigam compreender todas as nuances.

“Independência” virou “estar em cima do muro” pra quem não entende que o mundo não gira a seu redor nem do seu partido e de seus ídolos messiânicos.

A grande questão é que você é forçado a baixar a cabeça e dizer “amém” pros desígnios de Lula e de sua igreja, o PT. Se não faz isso resta ser “fascista” (porque a direita se resume a isso na cabeça dos usuários do PT) ou então ser “isentão”, porque se a posição adotada não é a que mandam nem o exgtremo oposto, não vale como posição.

Não vale ou não são capazes de compreender porque não está na cartilha.

“Olha Laura Barbosa de Carvalho, não sei onde é que você viu fetichismo do meio no que eu escrevi. Eu não faço nem um pouco a apologia do centro. O post a que você se refere é sobre independência, sobre não precisar comprar o pacote das duas narrativas. Aliás, esse é o problema que eu apontei: está todo mundo com o mesmo discurso e se você é independente, você é acusado de estar no muro, de se negar a se posicionar. Eu disse com todas as letras, em mais de um lugar, que o impeachment foi oportunista e irresponsável e que o discurso que o compara ao golpe é uma analogia errada que gera um desespero que só serve para gerar ativismo irrefletido sob o comando de um partido. Isso é centro? É ficar no muro? É não ter posição firme? Disse que as reformas do governo Dilma são parecidas com as do Temer — mais parecidas do que diferentes — e que são ruins e subtraem direitos. É muro isso? Ficar no meio termo? Disse também que as pessoas que são mobilizadas hoje pela direita (não as lideranças dos protestos, mas as pessoas que são convocadas) defendem serviços públicos e que não deviam ser hostilizadas, mas respeitadas e que deveríamos abrir um canal de diálogo com elas, porque, do contrário, as estamos entregando para serem lideradas pela direita. Isso é ser de centro? É não ter uma posição firme? Enfim, não preciso seguir. Isso que você diz não faz o menor sentido.” Pablo Ortellado.

O PT enquanto partido de massas morreu (ou ao menos hibernou por tempo indeterminado). Resta saber se conseguirá sobreviver como um PMDB da vida, preso a gabinetes, corrupto até a medula, com muitos filiados, mas sem capacidade de ir muito além (nas ruas), restrito à gritos esporádios em redes sociais (por parte dos militantes) e negociatas palacianas (por parte da direção).

--

--

Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

No responses yet