Movimentos identitários propõem mais uma “censura do bem”
Semana que vem a câmara irá votar um projeto de lei (PL 622, de 2015 ) que visa a proibição do uso de recursos públicos para contratação de artistas que, em suas músicas, desvalorizem, incentivem a violência ou exponham as mulheres a situação de constrangimento, ou contenham manifestações de homofobia, discriminação racial ou apologia ao uso de drogas ilícitas.
Acho que tudo bem se o Estado quiser criar critérios para o uso de recursos públicos para a contratação de artistas, no entanto a justificativa nesse caso não convence e cheira a “censura do bem”..
“a influência da música na formação do ideário popular leva à internalização inconsciente das letras pelas pessoas, o que pela recorrência cultural, provoca a banalização do destrato ao próximo.
Em inúmeras composições musicais a mulher é tratada como objeto sexual. Negros, indígenas, asiáticos e outras etnias minoritárias são tratados como inferiores. Lésbicas, gays, transexuais e travestis são ridicularizados; e o uso de drogas ilícitas é estimulado.
Estas composições apelam para o reducionismo e
desqualificação da mulher. A pretexto do humor ou manifestação cultural, prega-se mesmo que involuntariamente, a violência de gênero.”
Músicas podem mesmo naturalizar um comportamento? Se fizermos músicas que “preguem”, por exemplo, igualdade entre gêneros, podemos mudar nossa cultura, então? Está tudo resolvido! É o papo dos videogames criam assassinos all over again.
Fora que, quem vai definir? O Facebook, por exemplo, tem bloqueado pessoas por usar sinônimos de termos para “gay” (que por óbvio não posso usar, mas tem a ver com aquele lindo animalzinho da floresta cuja mãe morre e todo mundo chora), mesmo que sejam gays ou que não tenha qualquer contexto ofensivo. Tem quem aplauda, achando lindo, chamam de “justiça social” e tal…
Quem conhece a saudosa UDR, cujas músicas eram provocativas e irônicas, sabe bem dos efeitos da censura.
Alguém se aventura a apostar como vai ser o processo de censura do Estado? Aliás, pra proporem algo pra proibir músicas “anti-cristãs” ou que ofendam a família é um pulo.
Em tempo, vai ser pelo menos engraçado quando a turma da lacração que ama o funk (cultura da favela, etc) bater de frente com a turma da lacração da censura do bem pela defesa das mulheres, porque só um vai prevalecer.
E o pessoal que defende legalização das drogas, se preparem também. Citou maconha? Já era verba.
Qual a diferença disso pra turma que quer proibir jogos de videogame ou mesmo proibir a masturbação (ou “pelo menos” criar meios de impedir acesso livre à pornografia, exigindo cadastro, etc) porque ofende deus, a família e os bons costumes?
Não tem como dar errado!;-)