Raphael Tsavkko Garcia
1 min readNov 29, 2018

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Mesmo enquanto fenômeno coletivo é complicado categoricamente chamar de “apropriação cultural” dentro da sua definição (que, em linhas gerais, concordo) porque exclui-se mudanças culturais mais ou menos naturais… Em uma época uma forma de se vestir pode ser considerada horrível e em outra não sem ter necessariamente a ver com a etnia de quem antes era considerado horrível.

Apropriar-se culturalmente é algo absolutamente natural e banal, não pressupõe subtração (e aí está algo importante), não é negativo em si. Uma branca usar turbante não subtrai o turbante da negra. Um branco cantar hip hop não subtrai nada do negro cantando hip hop — como o negro que curte folk metal escandinavo não subtrai nada do brando. Na real amplia, expande.

Diferente é a subtração de conhecimento indígena por farmacêuticas e empresas de cosmético que se apropriam culturalmente para lucrar. Há, de certa forma, subtração para transformar em lucro de outro. Existe aí um interesse (pre)determinado de explorar, não é admiração, inspiração, é pura subtração.

Eu nem diria que o funk ser algo de fazer torcer o nariz de brancos até a ruivinha descer até o chão seria “apropriação cultural”, me parece racismo — e em alguns casos classismo até mais que racismo. Um fenômeno diferente.

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Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

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