FHC tem razão
Vou ter que concordar com o FHC (que momento que vivemos).
O PT foi “moral” em escolher Bolsonaro (como escolheu Aécio em 2014) como adversário favorito (“ideal”)? Agora reivindica grandeza moral contra ele é uma piada.
O PT já foi pedir apoio ao PSDB? Já sentou na mesa com lideranças do PSDB pra tentar um programa mínimo e uma frente contra o fascismo? Foi atrás da Marina (enquanto os neoPTcostais gritam que ela é fascista)? Foi atrás de todos os candidatos derrotados pra tentar formular um programa mínimo que permita uma frente única contra o Bolsonaro, uma frente pela democracia que ainda seja capaz de segurar o ódio dos Bolsominions e movimentações de militares durante 4 anos?
Não. Porque, como disse FHC, o PT não corre atrás, mas se acha a vítima que está “do lado certo da história” e que são os outros que tem que ir até o sagrado partido, não o contrário.
Mesmo nas cordas, caído e quase nocauteado, o PT acha que os outros é que tem que correr para salvá-lo, e não o PT que tem que pedir ajuda.
No entanto, como na polêmica com o Pablo Ortellado, discordo da não-conceituação de Bolsonaro como fascista.
Até entendo as objeções feitas à teoria clássica. No caso do Ortellado era a ausência explícia de xenofobia — que sim, existe, mas dada as características do Brasil e mesmo o momento político, este não foi um tema relevante o suficiente pra aparecer na campanha, mesmo que estejamos em meio à uma crise de refugiados venezuelanos em Roraima. No entanto, em 2015, Bolsonaro chamava refugiados de “escória do mundo”. No caso do FHC a questão é “a filosofia por trás”.
Concordo que o Bolsonaro em si é mais um idota do que um ideológico ou alguém genuinamente imbuído de uma ideologia bem fundamentada ou minimamente coerente, ele oscila entre defesa do liberalismo do Paulo Guedes, estatismo/corporativismo, defesa de sua classe militar, etc… Não é coerente.
No entanto, mais do que uma ideologia com linhas bem delimitadas, o autoritarismo e o ódio à minorias torna-se seu norte e sua filosofia. O ódio ao outro e sim, como o próprio FHC reconhece, sua história parlamentar é de corporativismo. O flerte com o liberalismo não passa disso, flerte, ou no máximo uma tentativa de repaginar o fascismo e modernizá-lo para atrair o mercado.
A filosofia de Bolsonaro é a eliminação do outro. E ele conta com o apoio de fascistas e nazistas em sua empreitada.
Dito isso, concordo com a Mariana Parra: