FHC tem razão

Raphael Tsavkko Garcia
3 min readOct 14, 2018

--

Vou ter que concordar com o FHC (que momento que vivemos).

O PT foi “moral” em escolher Bolsonaro (como escolheu Aécio em 2014) como adversário favorito (“ideal)? Agora reivindica grandeza moral contra ele é uma piada.

O PT já foi pedir apoio ao PSDB? Já sentou na mesa com lideranças do PSDB pra tentar um programa mínimo e uma frente contra o fascismo? Foi atrás da Marina (enquanto os neoPTcostais gritam que ela é fascista)? Foi atrás de todos os candidatos derrotados pra tentar formular um programa mínimo que permita uma frente única contra o Bolsonaro, uma frente pela democracia que ainda seja capaz de segurar o ódio dos Bolsominions e movimentações de militares durante 4 anos?

Não. Porque, como disse FHC, o PT não corre atrás, mas se acha a vítima que está “do lado certo da história” e que são os outros que tem que ir até o sagrado partido, não o contrário.

Mesmo nas cordas, caído e quase nocauteado, o PT acha que os outros é que tem que correr para salvá-lo, e não o PT que tem que pedir ajuda.

No entanto, como na polêmica com o Pablo Ortellado, discordo da não-conceituação de Bolsonaro como fascista.

Até entendo as objeções feitas à teoria clássica. No caso do Ortellado era a ausência explícia de xenofobia — que sim, existe, mas dada as características do Brasil e mesmo o momento político, este não foi um tema relevante o suficiente pra aparecer na campanha, mesmo que estejamos em meio à uma crise de refugiados venezuelanos em Roraima. No entanto, em 2015, Bolsonaro chamava refugiados de “escória do mundo”. No caso do FHC a questão é “a filosofia por trás”.

Concordo que o Bolsonaro em si é mais um idota do que um ideológico ou alguém genuinamente imbuído de uma ideologia bem fundamentada ou minimamente coerente, ele oscila entre defesa do liberalismo do Paulo Guedes, estatismo/corporativismo, defesa de sua classe militar, etc… Não é coerente.

Neonazistas e fascista em defesa de Bolsonaro. Abril de 2011.

No entanto, mais do que uma ideologia com linhas bem delimitadas, o autoritarismo e o ódio à minorias torna-se seu norte e sua filosofia. O ódio ao outro e sim, como o próprio FHC reconhece, sua história parlamentar é de corporativismo. O flerte com o liberalismo não passa disso, flerte, ou no máximo uma tentativa de repaginar o fascismo e modernizá-lo para atrair o mercado.

A filosofia de Bolsonaro é a eliminação do outro. E ele conta com o apoio de fascistas e nazistas em sua empreitada.

Dito isso, concordo com a Mariana Parra:

--

--

Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

No responses yet