Enquanto Bolsominions agridem e matam, o PT investe na irresponsabilidade

Raphael Tsavkko Garcia
4 min readOct 8, 2018

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Bolsonaro ainda não foi eleito, mas seus bolsominions já colocaram as manguinhas de fora.

Na Bahia um fanático apoiador do fascista assassinou um artista e mestre capoeirista local depois de uma discussão no bar. Foram 12 facadas nas costas. Não tem como deixar mais explícita a covardia.

Em Recife, uma jornalista foi agredida por dois apoiadores do fascista que ainda a ameaçaram de estupro. O seu crime (como se qualquer coisa pudesse justificar tamanha barbaridade) é ser jornalista e, como sabemos, o que mais Bolsominion tem medo é da imprensa.

E mesmo antes das eleições, dois fascistas destruíram uma placa com homenagem à Marielle no Rio. Detalhe, um deles, Rodrigo Amorim, foi o candidato MAIS VOTADO para a ALERJ.

Se as coisas estão assim, imaginem se o fascista do Bolsonaro for eleito!

Agora, o PT podia (se) ajudar. Metade do país odeia o Lula, mas muitos estão dispostos a tapar o nariz e votar em Haddad para impedir Bolsonaro de assumir… Mas qual foi a primeira coisa que Haddad fez depois da eleição? Foi visitar Lula.

É inaceitável que diante da situação em que nós estamos o PT simplesmente siga passando a mensagem de que, se Haddad for eleito, Lula governará da cadeia. O PT deveria estar implorando humildemente por votos e não achando que irá ganhar com base no medo do outro. Esse medo tem efeito limitado. Um fascista versus um presidiário é receita para que muitos votos sejam anulados e a abstenção cresça.

Hoje o medo, tão usado pelo PT contra o Aécio (por exemplo), não tem mais efeito. O medo da Venezuelização do país é mais forte e os Bolsominions foram bem sucedidos em plantar essa semente. As fake news que os petistas sempre usaram e abusaram, inclusive construindo toda uma mídia para espalhar notícias favoráveis e mentiras deslavadas com apoio de verba pública e de sindicatos, encontraram novo lar com os Bolsominions, com o MBL – o alcance é maior, o efeito idem.

Quando Haddad fala que vai convidar Bolsonaro a assinar um documento contra fake news ele simplesmente nega o papel de seu partido no espalhamento de mentiras tentando repassar a responsabilidade ao outro. É só hipocrisia e isso não atrai votos.

Sentar e esperar que o medo traga votos não vai funcionar dessa vez. Espalhar fake news não vai funcionar. Desqualificar aliados e forçar com intimidação e chantagem que votem noPT não vai funcionar.

O eleitor do Lula está já com Haddad e não vai a lugar algum, mas o eleitor que não quer um presidiário dando as cartas ainda pode ser conquistado – é uma aliança apenas de centro-esquerda não derrotará Bolsonaro. Ou o PT entende isso, ou nos entregará ao fascismo.

A irresponsabilidade do PT poderá custar muito caro ao país. Será que eles realmente esperam que Bolsonaro vença, faça um governo terrível e que em alguns anos o povo implore pela volta do PT? Estão mesmo dispostos a nos jogar aos fascistas apenas para conseguir mais e mais poder?

Bem…

Minha posição nesse segundo turno é semelhante à do Gustavo Gindre:

Eu não tenho nada, mas rigorosamente nada de bom para falar sobre a campanha do Haddad, a estratégia adotada por Lula e sobre o que seria um eventual governo Haddad.

Mas a tarefa agora é derrotar o fascismo.

Então, cheguei à conclusão que a melhor forma que eu tenho para ajudar a campanha do Haddad é me calar até o dia 28 de outubro (já que mentir eu não vou) e votar 13.

Sou mais útil calado do que falando.

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Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

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