Member-only story

A oposição Bolsonaro X Lula em termos de “radicalismo” não serve

Raphael Tsavkko Garcia
2 min readFeb 28, 2020

--

Lula não era radical, mas a militância lulaminion era (e é). Bolsominions e Lulaminions são bem equivalentes, mesmo que seus líderes aparentemente não sejam. Lula era conciliador, no entanto só sendo trouxa pra achar que nos bastidores o Lula e seus aspones não incitavam e incitam a militância a agir de forma radical exatamente para que ele venda a imagem de moderado e conciliador (que ele era, de fato, enquanto presidente — em particular pro empresariado e bancos).

A dinâmica do Lula/PT é óbvia: Lula solta os cães raivosos, mas não deixa que o PT embarque totalmente. Assim ele deixa a militância contente por poder latir e babar e o “mercado” contente porque ele é o conciliador que segura a onda. Inteligente? Extremamente. O problema é que hoje a situação ficou complicada — o papel de conciliador dele não serve. Seu papel hoje é o de sustentar o Bolsonaro (se opondo à impeachment) achando que em algum momento chegará sua oportunidade de voltar nos braços do povo cansado do radical. Não vai funcionar.

O Lula conciliador, hoje, domesticou a esquerda. Desmobilizou, neutralizou. E sustenta o Bolsonarismo e seu radicalismo. Há horas de ser pacato e horas de partir pra cima, Lula perdeu o timing e se tornou o melhor garoto propaganda que o Bolsonarismo poderia sonhar.

--

--

Raphael Tsavkko Garcia
Raphael Tsavkko Garcia

Written by Raphael Tsavkko Garcia

Journalist, PhD in Human Rights (University of Deusto). MA in Communication Sciences, BA in International Relations. www.tsavkko.com.br

No responses yet