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A oposição Bolsonaro X Lula em termos de “radicalismo” não serve
Lula não era radical, mas a militância lulaminion era (e é). Bolsominions e Lulaminions são bem equivalentes, mesmo que seus líderes aparentemente não sejam. Lula era conciliador, no entanto só sendo trouxa pra achar que nos bastidores o Lula e seus aspones não incitavam e incitam a militância a agir de forma radical exatamente para que ele venda a imagem de moderado e conciliador (que ele era, de fato, enquanto presidente — em particular pro empresariado e bancos).
A dinâmica do Lula/PT é óbvia: Lula solta os cães raivosos, mas não deixa que o PT embarque totalmente. Assim ele deixa a militância contente por poder latir e babar e o “mercado” contente porque ele é o conciliador que segura a onda. Inteligente? Extremamente. O problema é que hoje a situação ficou complicada — o papel de conciliador dele não serve. Seu papel hoje é o de sustentar o Bolsonaro (se opondo à impeachment) achando que em algum momento chegará sua oportunidade de voltar nos braços do povo cansado do radical. Não vai funcionar.
O Lula conciliador, hoje, domesticou a esquerda. Desmobilizou, neutralizou. E sustenta o Bolsonarismo e seu radicalismo. Há horas de ser pacato e horas de partir pra cima, Lula perdeu o timing e se tornou o melhor garoto propaganda que o Bolsonarismo poderia sonhar.